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Ventre Rubi

Atualizado: 29 de jul. de 2020

LUA DE SANGUE


No ventre é onde tudo começa, onde nossas águas correm e nosso sangue de vida aprende o caminho em ser livre. Através dos nossos ciclos que estão em sintonia com os da Terra e da Lua, valorizamos nosso corpo e dons uterinos, a sacralidade que nos habita em ser mulher criadora da vida. Resgatar a sua sacralidade e ancestralidade através do sangue é o início de um longo caminho, é a base da limpeza e cura da matriz feminina.


O sangue é a Medicina mais poderosa que a mulher possui, é ele quem guia cada nova etapa e rito de passagem. O útero está diretamente conectado ao coração e a visão da alma. Cuidar do seu útero transforma a maneira como se expressa e se coloca diante da vida. O Rubi é uma das pedras preciosas que representa o ventre e o sangue, é a vitalidade do sangue da terra, carrega as memórias da mulher ancestral. Nos impulsiona à coragem, ao vermelho ardente da sexualidade viva e à clareza de propósito ao unir o desejo e a emoção com o coração.


VENTRE RUBI


“Desde os princípios dos tempos nossas avós contam que cada mulher leva em seu ventre um manancial de águas profundas, de vermelho ardente, que resguardam silenciosamente os mistérios da vida e da morte.

Em uma noite de Lua Cheia, as avós previram uma tormenta que nos levaria ao tempo do esquecimento. Esqueceríamos da medicina das nossas águas e das plantas, de como parir nossos filhos e criá-los com amor. Elas sabiam também que o despertar chegaria às margens dos nossos ventres, que trançaríamos nossos cabelos novamente, oferendando nosso sangue na terra em um ato de fé, agradecidas por nossos ciclos lunares.


Mulher que se ascende plena na Lua Cheia, brilha cristalina sobre o mar, seu corpo se agita com as águas sagradas, como ondas que dançam na imensidão, em conexão cósmica se expande em alinhamento da ação com o coração.


Mergulha em seu interior junto com a Lua Minguante, acessa a morte e o inconsciente, aquela que conhece suas sombras, se guia por sua intuição, é livre, sábia curandeira.

Morre e renasce na Lua Nova, desde o seu interior e em silêncio observa o mundo afora, caminha serena e segura ao enfrentar a lua escura porque aprendeu a encontrar sua própria luz.


Floresce como a primavera na Lua Crescente, com as energias renovadas sai da caverna, sorri e se recorda de um novo tempo, de férteis possibilidades. Se reconhece, se ama ao respeitar a impermanência, as mutações e os ciclos de vida e morte. “


Uma antiga profecia Lakota afirma que "No dia em que as mulheres voltarem a dar seu sangue à Terra, os homens não mais precisarão derramá-lo pela guerra", de vida, amor e unidade a terra se alimentará e essas serão as dádivas que nós seus filhos receberemos.


Na essência da vida, onde a deusa era reverenciada e amada, as mulheres eram despertas para o quão sagrado é ter um útero, gerar vida, sangrar para ser fértil e ter ciclos como a Terra e a Lua. Se retiravam juntas na lua nova para a tenda da lua para sangrar na terra e se conectar com a sabedoria que esse momento proporciona. Elas tinham visões e recebiam mensagens sobre o plantio, curas para doenças, avisavam sobre possíveis ataques e em plena conexão ensinavam para sua aldeia sobre a vida, e o amor da mãe que nutria à todos. Esse era seu maior dom, sangrar, ser fértil, nutrir a vida ao honrar toda sensibilidade e conexão sobre ter um ventre feminino e criativo. Com o tempo isso foi mudando e as mulheres perderam o sentido de serem mulheres, por muito tempo foi sinônimo de dor e sofrimento, por não poder reverenciar seus verdadeiros dons.


Nos dias de hoje isso reflete um profundo desequilíbrio, uma resistência a esse fluxo natural envolvido com diferentes tipos de crises.

Plantar a Lua é oferendar o sangue para Terra, este ritual é muito antigo e até hoje vive nas culturas que preservaram suas verdadeiras origens. Quando chamamos o sangue de menstruação como Lua ou ciclo Lunar, nos conectamos com os ciclos orgânicos da Lua dentro de nós, porém menstruação vem de uma convenção que foi estabelecida como um término meramente de contagem para finalidades práticas. Antigamente esses saberes eram passados de mãe para filha, assim como sobre a menarca, a sexualidade sagrada, meios anticoncepcionais naturais, entre outros rituais de passagem femininos.


Através do ritual de plantar a tua Lua todas nós recuperamos nossa conexão íntima com a terra e seus ciclos, com nossos sonhos e poderes psíquicos. A partir deste ritual tão simples de Plantar a Lua, despertamos a mulher sagrada em nós, entregando nosso poder de cura para a terra através de nosso néctar sagrado, manifestando assim toda transmutação de medos e memórias que podem estar causando algum desequilíbrio no corpo físico ou espiritual.


PLANTAR A LUA - O SANGUE COMO MEDICINA


Neste ritual você vai escolher uma forma harmoniosa para colher o sangue, seja absorventes de pano ou coletores menstruais, dependendo da sua anatomia uterina e o que seja mais confortável para você; mas é muito importante não usar absorventes descartáveis porque eles não deixam o útero respirar, além de ter substâncias nocivas para a saúde feminina.


A melhor escolha é coletar seu sangue nos panos de algodão, esse pano é colocado em um pote de vidro junto à água morna sem nenhum produto químico e todos os dias de lua de sangue você escolhe um bom momento para entregar na terra e fazer este ritual pessoal, sentindo a vibração que emana daquele sangue, de plenitude e amor.


Depois de entregar para a Terra o seu sangue, poderá lavar os paninhos com sabonete de coco, e usar um pouco de bicarbonato ou vinagre de maçã. Uma outra opção para coletar seu sangue é o copinho menstrual, para algumas mulheres é muito prático e confortável, porém muitas mulheres mais sensíveis não se adaptam, é importante você explorar todas as possibilidades até se sentir confortável. O copinho obstrui a fluidez energética do útero com a terra quando estamos lunando, além de causar uma pressão e sucção no colo do útero e dependendo do movimento que fizer ele joga novamente o sangue em direção ao útero.


Seja o jeito que você escolher, o importante é você abrir seu coração para sentir e fluir com a conexão que se abre neste momento. Para muitas mulheres este ritual pode parecer estranho, mas para estar viva é preciso se permitir. Pode escolher alguma planta em específico que tenha algum significado especial para você, como por exemplo a Artemísia, Sálvia, Gerânio ou as Roseiras que simbolizam muito a energia feminina; você vai estar nutrindo com seu poderoso néctar. O sangue é potente biofertilizante por ter nitrogênio, fósforo e potássio, 3 componentes que as plantas adoram para crescer, por isso se sua escolha for usar copinho menstrual, antes de entregar à terra, é orientado que dilua na água para ter maior absorção dos nutrientes.


O odor também muda, já que o mau cheiro é resultado da combinação do sangue com a química dos absorventes. Entregue junto ao seu sangue todas as crenças limitantes que você ainda carrega a respeito de ser mulher...se entregue para a sua própria versão sagrada e selvagem; acrescentando sua energia vital, seu centro de poder feminino, seu poder de cura, seu ser instintivo. Através da entrega do sangue para a terra, cada uma de nós, somos capazes de voltar para nossa casa interna, a verdade que habita dentro desde a origem da vida.


Durante esse período faça um altar para colocar o sangue. Poderá sentir a vibração que emana dele. É importante abrir sua percepção para sentir a conexão com o ventre e o coração que se abre nesse momento. Se permita também sangrar direto na Terra, e fazer os rituais de acordo com a fase lunar, o que sua intuição pedir. Escolha um local que você se sinta protegida, faça uma oração ou canto ao começar, pode também colocar cristais guardiões em volta do sangue para proteger todo campo vibracional que dele emana.


Muito importante ressaltar o quanto que os absorventes descartáveis são tóxicos e nocivos à saúde feminina, de todas as toxinas a mais evidente é a dioxina, desenvolvida na segunda guerra mundial para limpar as manchas de sangue e branquear as roupas. Dioxina é um nome genérico usado para designar um grupo de substâncias químicas que são subproduto industrial de alguns processos, como a produção de cloro e certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas. As dioxinas são consideradas poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois se acumulam na cadeia alimentar e também no corpo humano, é considerada cancerígena, existem mais de 400 substâncias agrupadas dentro da designação genérica. Em estudos recentes comprovam encontrar esta substância já no sangue menstrual, além de ressecar o útero.


O tamanho normal de um útero é de 7 centímetros de comprimento e 5 centímetros de espessura. Se expande mais de 100 vezes para abrigar um feto. Pode suportar até 150 vezes seu próprio peso e é o único órgão capaz de criar outro órgão: a Placenta.O útero produz medicina a cada novo ciclo lunar, prepara o endométrio para acomodar um possível embrião e quando isso não ocorre é seguido de expansões e contrações, como numa dança prepara movimentos para expelir todo o tecido endometrial na menstruação. Tecido que é cheio de nutrientes, células-tronco e minerais, ao ser eliminado através do sangue se transforma em uma poderosa medicina para doenças cardíacas, diabetes, lesões, doenças neurodegenerativas e outras, além de todo conteúdo emocional.


O útero armazena as informações de tudo o que sentimos, é um segundo coração por espelhar nossas emoções, quando vivemos situações de violência ou insatisfação com as nossas vidas, quando não nos respeitamos, vivemos situações de falta de respeito como abuso ou autonegação, nosso coração uterino é gravemente ferido. Há mulheres que foram endurecidas por várias situações dolorosas em sua vida, e muitas vezes se encontram em uma posição que suas emoções se recusam a se expressar, então acumulam toda dor e raiva, nos órgãos pélvicos (útero e ovários) que são duramente atingidos.


No útero está registrado a memória histórica e celular de todos os ancestrais. A informação é transmitida desde o ventre para o útero, a unidade mãe. Cada criança traz sua mãe e todas as mães que existiam antes dela. Nela registra-se as impressões de cada estágio de gestação e os sentimentos de nossa mãe, também podemos reconhecer entre as mulheres de nossa linhagem feminina e encontrar muitas coisas em comum, até mesmo sonhos e desejos, hábitos e caráter. Um feto feminino nasce com todos os óvulos que ela alguma vez terá na vida. Então, quando sua avó estava carregando sua mãe no seu ventre, você era um óvulo minúsculo no ovário da sua mãe,

esse fato comprova e registra o quanto estamos conectadas à nossa sagrada linhagem feminina.


Nosso corpo cuida de nós, o útero cuida principalmente das emoções relacionadas com a sexualidade, parceiros da vida, sentimentos de ser mal sucedida, desapontamentos sobre nós mesmas, de que não podemos “ser mulheres” em um mundo que nos oprime. Todas as lágrimas que não choramos, em seguida, vem como uma hemorragia, e toda a raiva não deixada ir se torna doenças crônico-degenerativas. O útero nos revela as dores emocionais que possa existir no coração. Devemos aprender a relaxar o útero, conversa com ele, fazer massagem e confiar na sua poderosa medicina. A maior parte das doenças e desarmonias uterinas vem da sua tensão constante.


Texto por Marina Guadalupe - Terapeuta Feminina do Portal Yoni



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